Hoje, mais uma forma de controlo e perseguição policial nas fronteiras.
39 pessoas “sem papeis” que viajavam num autocarro da flixbus, na fronteira, foram paradas pela polícia. Muitas foram detidas pelo SEF / FRONTEX. O autocarro vindo da Suíça foi parado numa inspeção na fronteira Portugal-Espanha (Vilar-Formoso). Esta inspeção não é fronteiriça, poderia ser feita em qualquer sítio.
Ouviram-se no local comentários de teor racista como: “Isto às vezes vem cheio de portugueses outras vezes vem cheio disto”, “devíamos era deixar as pessoas como deve de ser passar”, “isto bem feito era, ninguém tinha passado nas fronteiras com a Europa”.
Um refugiado “legal” disse: “dento do autocarro red, fora do autocarro green”.
O autocarro está parado porque nem SEF nem autoridades espanholas têm capacidade para ficar com as pessoas, só podem tratar da situação de quatro pessoas de cada vez, demoraria cerca de quatro dias. O conselho que se está a fazer à flixbus é arranjarem transporte alternativo para as pessoas que estão “como deve ser” porque caso contrário estas vão começar a ficar impacientes.
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O Jornal Mapa escreveu hoje:
Caça ao migrante em Vilar Formoso | Autocarro na Fronteira de Vilar Formoso retido para o SEF deter 39 migrantes
A perseguição a pessoas migrantes não tem parado de endurecido nos últimos tempos e não se limita à construção de vedações ou ao aumento das capacidades militares e técnicas das polícias fronteiriças. Para além da externalização de fronteiras, a União Europeia definiu há pouco a reintrodução de controlos fronteiriços internos, dentro do Espaço Schengen, de forma a que quem tivesse conseguido entrar na UE sem «autorização» fosse apanhado noutros pontos. A perda de liberdade de circulação é apresentada como um mal menor que permite a busca, a perseguição e a captura destas pessoas que são, assim, tratadas como verdadeiros criminosos. Esta identificação entre migração e crime é, aliás, uma das marcas estruturais das políticas e dos discursos das autoridades de todos os Estados membros da UE.
O carácter aparentemente longínquo de toda esta história acabou de se quebrar. Na Fronteira de Vilar Formoso está neste momento bloqueado um autocarro da Flixbus, alvo duma inspecção que detectou 39 pessoas sem papeis que lhes permitam uma estadia legal. Uma estudante que viaja nesse autocarro disse ao Jornal MAPA que, no local, se ouvem «comentários como: “Isto às vezes vem cheio de portugueses outras vezes vem cheio disto”, “devíamos era deixar as pessoas como deve de ser passar”, “isto bem feito era: ninguém tinha passado nas fronteiras com a Europa”».
Ainda de acordo com ela, o autocarro mantém-se «parado, porque nem SEF nem autoridades espanholas têm capacidade para ficar com as pessoas, só podem tratar da situação de 4 pessoas de cada vez, o que demoraria aproximadamente quatro dias. O conselho que estão a dar à Flixbus é arranjarem transporte alternativo para as pessoas que estão “como deve ser”, porque, caso contrário, estas vão começar a ficar impacientes.» O SEF assumiu entretanto que ficará com todas as pessoas indocumentadas.
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